Mestrado para professor de matemática terá 1.575 vagas

Professores de matemática que lecionam em escolas públicas poderão se
inscrever em maio deste ano no único mestrado profissional semipresencial
recomendado pelo Ministério da Educação, por meio da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O edital do exame de
ingresso para a turma de 2013 tem previsão de 1.575 vagas.
Os professores precisarão fazer uma prova e os selecionados receberão uma bolsa
da Capes no valor de R$ 1.200. Atualmente 2.500 professores da rede pública
estão no Programa de Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional
(Profmat), que é coordenado pela Sociedade Brasileira de Matemática (SBM).
Participam do programa 59 instituições de ensino superior nas cinco regiões,
num total de 74 polos presenciais.
O mestrado tem duração de dois anos e a tese final obrigatória é uma monografia
sobre experiência de matemática do ensino básico que tenha impacto na prática
didática em sala de aula. “É um mestrado para fortalecer o ensino da matemática
na educação básica. Não dá para termos no Brasil alunos analfabetos em
números”, diz Hilário Alencar, presidente da SBM. Em fevereiro de 2013,
concluirão o mestrado cerca de mil professores inscritos em 2011, na primeira
chamada do programa.
Murilo Sérgio Roballo, 43 anos, inscreveu-se em 2012 e foi o único dos
candidatos a gabaritar a prova. “Sou professor há 25 anos, dou aula em dois
colégios de ensino médio em Brasília, e foi uma prova tranquila”, afirma o
professor, que faz as aulas presenciais na Universidade de Brasília (UnB).
“Esse mestrado é importante. Além de aperfeiçoar conhecimento vai repercutir em
melhoria salarial”, comenta.
Antonio Cardoso do Amaral, 32 anos, é professor há uma década na rede pública
em Cocal dos Alves (PI), cidade a 300 km de Teresina que ganhou destaque pela
conquista de medalhas na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas
Públicas (Obmep). “Pelas condições de vida e geográficas, estava difícil cursar
um mestrado. Mas era um sonho meu e essa oportunidade surgiu como uma luva”,
conta o professor.
As aulas presenciais são na sexta-feira e o professor vai de ônibus ou de
carona até a Universidade Federal do Piauí. Segundo ele, o conteúdo caiu bem
para as necessidades em sala de aula. “Com a conclusão desse curso, eu já vejo
que é possível ir mais longe com meu trabalho de matemática na olimpíada. Vou
me sentir bem mais embasado para uma melhor orientação aos meus alunos”,
acrescentou. “Quando o aluno tem talento, o professor tem de estar preparado,
porque senão ele ultrapassa quem ensina.”
Em contrapartida ao investimento do governo federal, os professores bolsistas
devem atuar na escola pública nos cinco anos seguintes após a conclusão do
mestrado. A prioridade do Profmat é para professores de escolas públicas, mas
20% das vagas poderão ser preenchidas por docentes da rede privada.
Hoje a Capes tem 380 mestrados profissionais no país, com 13 mil alunos
matriculados. No entanto, na modalidade semipresencial, o Profmat é o único. O
diretor de educação a distância da Capes, João Carlos Teatini, acredita que a
expansão dessa modalidade será acelerada no país. Programas de mestrado
profissional semipresencial, em outras áreas de ensino, como letras e química,
estão em estudo na Capes.
Rovênia Amorim